8 de abr. de 2014

Existe Razão Para Se Batizar Crianças? Parte 03 - As Crianças no Antigo Testamento:

CAPÍTULO I – FUNDAMENTAÇÕES PARA O BATISMO INFANTIL
1 OS FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DO BATISMO INFANTIL:

1.1 Introdução:

A fundamentação histórica de uma doutrina é relevante para apresentar suas causas e seus efeitos através dos tempos. O conhecimento do como a Igreja se relacionou com as suas crianças – do Antigo Testamento até a Era Atual – se fará muito necessário para a compreensão deste assunto.

Como o Povo de Deus se relacionou com as crianças dentro do contexto religioso? Estariam estas crianças incluídas no rol de membros, como adoradoras e parte integral desse Povo, sendo também presumidas como salvas pela graça de Deus? Eis o que a história bíblica diz sobre esse assunto:

1.2 A História das Crianças no Antigo Testamento:

Como se lê nas Escrituras do Antigo Testamento, Deus havia separado um Povo para si, e com este Povo fez uma aliança de ralação pactual e em comunhão de vida. Historicamente se considera como Povo de Deus a “Igreja aparente”, ou como é vista pelos homens. Portanto em seu rol de membros há falsos e verdadeiros convertido; joio e trigo conforme ensina o próprio Senhor em Mateus 13.24-40.

Mesmo assim, Deus chama a este Povo para uma solenidade pactual, compreendida em duas relações: uma Relação Formal com todos os envolvido e em Relação ou Comunhão de Vida para com os piedosos. E neste pacto solene estavam incluídas também as crianças, por representação e iniciação, como se pode perceber nas Escrituras.

No princípio Deus fez um pacto como o homem. Este pacto procedente da graça divina, permitiria a este homem em perfeitamente obediência, obter a Vida Eterna, por isso é chamado comumente de Pacto de Obras. Mas Adão, representante da raça humana, violou este pacto desobedecendo, e todos os seus filhos e descendência sofreram com ele as consequências dessa queda (Gn 9.8-17).

Já com Noé, homem nascido na incapacidade total para a perfeita obediência, fez Deus um pacto baseado somente na graça, onde Deus sozinho providenciaria os meios para a salvação desse homem. Um “arco nos céus” foi o sinal visível deste pacto com Noé, e os filhos de Noé também foram abençoados (Gn 9.8-17).

Confirmou Deus este Pacto de Graça mais claramente com Abrão, o Pai da Fé, estabelecendo com ele uma aliança perpétua envolvendo Deus, Abrão e a descendência de Abrão, tendo como sinal visível desse Pacto de Graça e condição a circuncisão de todos os participantes desta Aliança (Gn 17.7).

Deus confirmou este Pacto de Graça, mediado por Moisés, no Monte Sinai quando renovou esta aliança com o seu Povo. Assim como fez também o Senhor nas planícies de Moabe antes de introduzir este Povo na Terra Prometida. E as crianças estavam incluídas ritualmente neste pacto (Dt 29.9-11).

Por isto e então a circuncisão se tornaria desde Abrão, o sinal visível do Pacto de Graças, sendo a condição, o selo e rito de iniciação para o ingresso do todos na Igreja Visível do Antigo Testamento.

O rito era administrado aos meninos, ao oitavo dia de vida, para então se tornarem filhos da Aliança (cf. Gn 17,12; Lv 12.3; Lc 2.21; Lc 1.59; Fp 3.5). Naquele tempo, somente se os homens fossem circuncidados é que poderiam se tornar membros da nação de Israel, membros do Povo de Deus. Como bem observou J. D. Douglas e Merril C. Tanney “o rito efetuava a admissão ao companheirismo do povo do pacto e assegurava o indivíduo, como membro da nação”.[1]

Já as esposas e todas as crianças do sexo feminino acompanhavam seus pais, irmãos ou esposos, e eram por eles representadas como os mediadores desta relação pactual. O que simbolizava a submissa relação da Igreja com Deus, intermediada pelo divino-homem Jesus Cristo, o Primogênito conforme escreveu o Apóstolo Paulo: “...a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” (Rm 8.29).

Enquanto que os prosélitos, adultos não judeus que quisessem fazer parte do grêmio de Israel, também deveriam se unir a este Povo pela circuncisão, por vontade própria e de fé. E seus filhos consequentemente eram admitidos sendo circuncidados por causa da fé professada por estes pais ingressos.

Nota-se que “não somente se circuncidavam os descendentes de sangue de Abraão, mas também seus servos, escravos e estrangeiros que moravam dentro da comunidade do pacto (Gn 17.13-14)”.[2]

O que se conclui então é que as crianças no Antigo Testamento não somente acompanhavam seus pais na vida religiosa, como observadoras, mas eram verdadeiramente membros desta comunidade, adoradoras iniciadas pelo rito da circuncisão, como filhas da promessa feita por Deus a seus pais. (Tchai Hoth, monografia, UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE, São Paulo 2009, Parte 03)

[1] DOUGLAS, J. D. e TANNEY, M. C. Diccionário Bíblico Mundo Espano. El Paso: Mundo Hispano y Casa Bautista de Publicaciones, 2003, p. 291.
[2] VINE, W. E. Vine Diccionario Expositivo de Palavras Del Antigo Testamento Exhaustivo. Caribe: Editora Caribe, 1999, p. 75.

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