7 de abr. de 2014

O Pincel e o Espanador!

O contentamento é o gozo da alma que se descansa na fadiga do dever cumprido, e se fadiga na paz de ter uma missão.

Conta-se que um Pincel, com seus nervos de madeira e entusiasmo de aço, um dia se sentiu triste, mergulhado num mundo cinza, inda que cercado por tantas cores. Ele passou a invejar ninguém mais, ninguém menos do que o humilde espanador, ligeiro, à bailar na mão do serviçal: sempre exigido, sempre eficiente.

Sem que soubesse, também havia nas fibras do Espanador um sentimento encardido. Ele pensava em quão maravilhosa era a vida do Pincel nas mãos do habilidoso pintor. Sentia-se inferiorizado por não traços refinados, imaginação, mundo de cores e vida.

O Pincel desanimado, afogado num copo d´água se sentindo pequeno, incapaz, sujo e molhado, ante a agilidade, organização e limpeza do espanador.

O Espanador reclamando: - “Que vida é esta? Estou sempre no pó, feliz é o pincel cuja vida é uma pintura; como ele criativo, rebuscado, refinado”.

Um invejava o outro. Do fundo de sua solidão, sempre se queixavam pensando ser suas vidas uma lambança, sujeira, imaginando quão feliz era o outro que veio para limpar o mundo, varrer toda a tristeza e ser brilhante! E assim não se valorizavam a si mesmos, por não entenderem o valor da missão de cada um.

Teria o Pincel mais honra? De modo algum, embora sua ação revelasse o mundo, sem o Espanador jamais se veria seus traços, habilidades e realizações. Seria o Pincel alguém menor? Jamais! Pois sem seus traços, o Espanador revelaria apenas, embaixo do pó, uma vida sem surpresas.

Na verdade, de fato, a glória está nas mãos de quem utiliza as peças e ferramentas como bem lhe apraz, como lhe convém, e nisso deverão estar alegres todos os que estão de fato, sendo usados para o bem...". (Tchai Hoth)

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